terça-feira, 25 de agosto de 2009

Acostume-se a competir pela atenção das pessoas

Receber a atenção quando se está falando nunca foi um negócio fácil, na medida em que estamos sempre concorrendo com uma série de estímulos exteriores. Mas, com as novas tecnologias de comunicação, a situação piorou muito.

As mídias convergentes, como por exemplo o Smartphone com e-mail, MSN, Messenger, Twitter, GPS, Torpedo e internet, promovem uma tal possibilidade e facilidade para captar o que acontece que é praticamente impossível competir pela atenção de quem nos ouve.

Isso fica flagrante quando vemos pessoas sentadas em torno de uma mesa de restaurante, casais, homens e mulheres de negócios ou simplesmente amigos, que ao invés de conversarem entre si, permanecem boa parte do tempo iluminados pela tela de seus celulares ou laptops recebendo ou enviando algum tipo de informação.

Esse é um fenômeno dos tempos que correm, passamos boa parte do dia nos atualizando com tantas informações que muitas vezes nem sabemos como fazer uso delas.

Por exemplo, soube num desses portais que a Monique Alfradique vai participar do elenco de “Cinquentinha”. Alguém pode me dizer o que eu faço com essa informação? Uma outra notícia me disse que a Beyoncé curte suas férias num iate na Croácia. E daí?

Hoje, qualquer lugar se presta à captação da novidade ou à confirmação do que já se sabia. A conexão fácil nos transforma em pesquisadores do supérfluo e sabedores de banalidades.

Essa overdose de notícias descartáveis não seria problema se ela não alimentasse a necessidade incontrolável pela “atualidade” e, como consequência, a atenção dispersa para tudo e todos que nos cercam, em praticamente todos os momentos da vida.

Ninguém está plenamente interessado em ninguém, recebo no Twitter perguntas sobre o que eu acho da barriga à mostra da Ivete Sangalo no meio de um almoço e simultaneamente o vibracall do meu celular me lembra que à tarde tenho um compromisso.

Prestar atenção em quem compartilha conosco uma atividade qualquer exige cada vez mais um esforço pessoal brutal. Afinal, ninguém tem a mesma agilidade e rapidez de um Smartphone, o que torna qualquer conversa lenta e sem possibilidade de escolha sobre o que se quer ouvir ou deletar.

Nisso a atenção é sempre fluida, o que não tem nada a ver com falta de atenção: estamos a todo momento dividindo a atenção entre duas ou mais atividades e é só.

Em troca, vamos lentamente nos acostumando a uma compreensão também limitada, na medida em que a consideração com o que está sendo falado está distribuída. Alguns ainda se revoltam com essa “falta de atenção”, mas não deviam porque é um fenômeno da contemporaneidade.

Receber a atenção integral de alguém é um luxo garantido apenas em alguns momentos, para as celebridades. Mesmo assim, ninguém garante que um celular esquecido ligado não estrague o momento de exclusividade.

Fonte:Ig delas

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