quarta-feira, 23 de julho de 2008

Traição sem sexo.... É possivel isso??


Pois é...psicóloga defende que cultivar forte amizade, sobretudo no trabalho, é uma nova forma de infidelidade.

Esse papo de apenas bons amigos não garante nada, alerta especialista americana, que considera a intimidade com colegas uma forte ameaça aos casamentos.


A psicóloga Shirley Glass, PhD em psicologia familiar e pesquisadora do assunto há 25 anos, Glass acaba de lançar um livro apontando o surgimento de uma nova ameaça aos casamentos: a infidelidade emocional.


Sua tese tem tudo para atear fogo nas já complicadas relações entre casais, graças, principalmente, a duas afirmações:


1. Não é preciso fazer sexo com outra pessoa para ser infiel. "A definição comum de traição geralmente envolve manter relações sexuais. Não concordo. Infidelidade é qualquer envolvimento sexual, emocional ou romântico que quebre as expectativas em uma relação amorosa", afirma Glass. Uma amizade forte ou um amor platônico, portanto, podem ser devastadores para um casamento.


2. No papel de "eixo do mal", a ameaça externa capaz de colocar os casamentos em risco, a psicóloga elegeu o ambiente de trabalho e a proximidade que ele proporciona. Um de seus estudos, realizado com 350 casais de Baltimore (Estado de Maryland), revela que 62% dos homens infiéis e 46% das mulheres conheceram seu "caso", sexual ou emocional, na empresa.


O problema, diz ela, é que a convivência profissional -fertilizada por cafezinhos e almoços recheados de confidências- acaba forjando ligações profundas, que muitas vezes cruzam, sem perceber, a linha entre amizade e romance.


As "escapadas" mais perigosas seriam as que envolvem coração e mente. "Os casos estão se tornando mais complicados hoje porque os homens, que antes só traíam sexualmente, estão se envolvendo emocionalmente, e as mulheres passaram a ter mais casos sexuais", acredita Glass


Campo minado

Há ambientes profissionais que funcionam como campos minados para os casamentos -e aí é preciso redobrar a vigilância interna, diz Glass. "A proximidade é um fator essencial, por isso é preciso reconhecer os perigos do ambiente. Algumas atividades são mais propícias à intimidade."


O mundo artístico é um exemplo clássico. "Nosso instrumento de trabalho é a emoção, o corpo. Você sente até o bafo daquela pessoa com quem atua, passa a conhecê-la intimamente", afirma a atriz Clarissa Kiste, 24, que conheceu o marido, o também ator Kiko Bertholini, 25, com quem se casou há quatro anos, quando ele a dirigia em uma peça teatral.


Traição virtual

O terror dos casamentos modernos não é apenas o ambiente de trabalho. A internet também aparece como vilã no livro da psicóloga americana. "Casos virtuais são exemplos clássicos de envolvimento emocional. Além de não haver contato físico, há uma oportunidade enorme de intimidade afetiva, porque as pessoas projetam suas fantasias no outro", diz ela.


O terapeuta sexual Moacir Costa, não concorda com a definição de traição defendida pela americana. "Para haver infidelidade, precisa haver contato erótico ou sexual. A fantasia, o flerte, a sedução são exercícios ligados à auto-estima. E os componentes afetivos e sensuais sempre estiveram presentes nas relações humanas."


Ana Bock, 50, presidente do Conselho Regional de Psicologia e professora da PUC, centra suas críticas em outro ponto. A teoria de Glass é que os casos de infidelidade emocional aumentaram com a invasão das mulheres em profissões antes dominadas pelos homens. "É uma posição conservadora e retrógrada", rebate a professora. "Vivemos um avanço nas relações e no papel da mulher, que se instituiu como figura social. A mulher tem um estilo de se relacionar mais carregado de afeto, é o que eu chamaria de feminilização do novo universo do trabalho. Agora, vem uma americana puxar tudo para trás?"


por Luciana Macedo e Roberto de Oliveira

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