quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A incompreensão das diferenças

Eloá, Sandra Gomide e Ângela Diniz foram algumas das vítimas da incompreensão das diferenças


Aceitar as diferenças de opinião e de querer não é nada fácil. Para quem duvida, é só perguntar para algumas pessoas o que elas pensam sobre uma determinada coisa e depois comparar o resultado. Algumas vão concordar entre si enquanto outras vão ter opinião diametralmente oposta.
Porque é que somos assim, ninguém sabe direito. Os estudiosos acreditam que é porque apesar de sermos iguais geneticamente, somos apenas parecidos.
Embora essa possa parecer uma conversa própria de loucos, a neurociência e a psicologia concordam que cada pessoa, desde o útero materno, recebe uma gama enorme de informações próprias, tornando-as diferentes uma das outras.
Claro que isso é ótimo na medida em que cada um de nós tem um jeito próprio de ver e entender o mundo. No fundo é mais ou menos assim, aprendemos com o que vivemos e vivemos com o que aprendemos.
Nesse processo, vivenciar as diferenças é fácil quando pensamos igual às outras pessoas ou quando as divergências não nos tocam.
Porém, quando temos que aceitar a opinião e as vontades contrárias às nossas, aí o bicho pega. Nesses momentos é que surgem as Eloás, Sandras Gomide, Angelas Diniz e outras tantas mulheres que nos marcaram com seus destinos trágicos.
Mulheres que só queriam a liberdade para amar quem quisessem, mas acabaram nas mãos de seus algozes que zelavam pela ditadura da manutenção do amor. O que os separavam era só a diferença de vontades e de visão.
Nada justifica a loucura, mas esses episódios deixam evidente a fragilidade para aceitar o que não nos é comum. Os matadores dessas mulheres não aceitaram que era possível se desinteressar e deixar de amar, mesmo o que era para ser um grande amor.
A medicina sabe que é possível morrer de amor e o direito comprova que é possível matar pelo que se diz ser amor.
O erro de Eloá, Sandra e Ângela foi acreditar que podiam controlar a loucura, mas esqueceram–se das diferenças de visão e compreensão dos fatos. Ninguém pensa e responde igual a ninguém.
Para quem não está perto, as diferenças podem ser risíveis, aceitáveis e até controláveis. Por isso, não faltam perguntas: por que deixaram? Por que não interferiram?
A resposta para o trágico nunca é simples, mas nestes casos, uma possibilidade talvez seja porque ninguém conseguiu acreditar que as diferenças podiam se tornar impossíveis de conviver e de suportar.
Eloá, Sandra e Ângela infelizmente não podem mais falar, foram silenciadas por seus ex-amores. Entretanto, nos deixaram um legado: com o amor não se brinca, porque que alguns amores são cruéis e não toleram as diferenças.
Elas não imaginaram o grau de loucura a que pode chegar um amor e por isso, menosprezaram o poder de seus algozes. Não imaginaram que quem ama, mata.

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