sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

"Hoje eu vou dar para aquele cara"

Quando a gente decide dar? Tem a ver com hormônio, sim. Uns oito dias antes de menstruar, dou uma olhadinha em site pornô e tenho certa predileção pelas japonesas que gemem gostosinho. Tem a ver também com aquela frase certa que você falou naquele café nos Jardins. Algo sobre os russos, acho. Confesso que espremi as virilhas enquanto você falava. A sensação que me deu foi de que eu iria te comer como uma flor carnívora. Tem a ver ainda com você ter dito: “Hoje é por minha conta, eu convidei”. Ah, meu amigo, sei lá explicar. Você gosta de bunda, não gosta? A gente gosta que paguem. Por que uma coisa parece mais suja que outra? Sabe aquele dia em que você nem tentou me comer, mas só fez carinho no meu cabelo, enquanto eu olhava a carta de vinhos? Foi tão bonito. Mulher no fundo é só uma romântica sofrida. O mito da interesseira a gente inventou só pra parecer menos idiota.

Mas em nenhum desses dias eu dei pra você. Poderia dizer que era porque não estava depilada. Poderia dizer que é porque ainda não estava completamente certa de suas intenções. Ou das minhas. Poderia dizer que estava com o ex na cabeça. Com dor de cabeça. Tudo verdade e mentira. Acontece assim: um dia, por alguma química da natureza, a gente acorda e pensa: “Vou dar pra aquele cara”. Caso você esteja em Tóquio, a gente dá um jeito. Aeroporto, Skype, espírito encarnado. É uma luz dentro da nossa cabeça que de repente pisca e fala “agora”. Pode acontecer dois segundos depois que você veio com papo furado pra cima de mim, ou dois anos. Pode ser no meio da rua, ou só se você me levar pra Itália. Não tem regra. É um despertar. Como o amor, que de repente chega, a vontade de dar a primeira vez, de uma mulher, também surge. Do nada. Numa tarde ensolarada, numa manhã chuvosa. Ou no banheiro da sua prima. Ou na sua cama mesmo, depois daquela massa – que você comprou, mas disse que fez.

Só garotinhas dão porque o cara insistiu. Mulheres dão quando uma coisa maior, que não é o seu pau, grita dentro delas: “Agora pode”. Vai, minha filha, todas as mil mulheres que existem dentro de você estão a fim. Nenhuma está com dúvida. O gostosão acha que foi o vinho, a música, o seu apartamento todo mobiliado, sua sensibilidade para decifrar o mistério do filme francês que acabou sem final… Não, amigo, a gente já sai de casa sabendo. Todo esse teatro ajuda – mas não decide nada.


Fonte:REvista Alfa

1 comentários:

Unknown disse...

Nossa deu uma esquentada aqui.
Na boa, volto mais tarde para uma lida com mais apreciação.
Abraços e aguardo vocês no Escrivaninha.
Até mais!