sábado, 31 de outubro de 2009

Por que cada vez mais trintões não saem debaixo das asas dos pais?

O tal sonho de ser dono do próprio nariz parece estar em segundo plano para muitos filhos. Aliás, é cada vez maior o número de pessoas que continua a viver na casa dos pais, mesmo depois dos 30 anos. Os motivos são muitos. As vantagens e as desvantagens também, inclusive para os pais, que ora não querem ver os filhos independentes, ora gostariam de ver o filho ganhar o mundo.

- Abrir mão da mamata também é difícil. “A vantagem de morar com os pais é ter mais segurança, com menos gastos. Chegar e encontrar a casa sempre arrumada, roupa limpa e passada, jantar pronto”,
- “Gosto de morar com eles, mas já não me sinto tão à vontade. Aí reside outro problema: sou filho único, e todas as vezes que falei em sair de casa, minha mãe considera como se eu estivesse a abandonando”.
- “Se você mora sozinho, a namorada passa os finais de semana lá, dorme alguns dias da semana, deixa umas peças de roupas... Quando perceberem, casaram”.

Mas para Margareth dos Reis, psicóloga, viver com os pais não é tão cômodo assim. “A pessoa se mantém no papel de filho. Acaba não vivendo o papel principal nunca. Quando você sai de casa, assume outros papéis: pode ser o administrador da casa, o pai de família, o marido”, explica.

Algumas vezes, a escolha de permanecer sob a segurança dos pais pode ser o medo de assumir esses novos papeis, segundo ela. “Pode, também, sinalizar a dificuldade de afastamento, de assumir responsabilidades, o medo do contato com uma vida diferente e tudo aquilo que cerca essa nova vida”.

Além dos filhos, a psicóloga lembra que muitos pais também têm dificuldade de se desligar e pressionam os filhos a ficarem. “As escolhas fazem parte da vida adulta. E muitas dessas escolhas não incluem a família toda. Permanecer na casa dos pais por pressão limita muito a vida, assim como é limitador achar que o filho é responsável pelo bem estar dos pais”, diz ela. Conversar, então, é a solução. “É preciso mostrar à família que o vínculo vai continuar e isso pode fazer muito bem para todo mundo”.

Mudança de gerações
Na opinião da psicóloga, a mudança na criação dos filhos tornou mais comum o fenômeno dos trintões que não saem do ninho. “Acho que essa é uma geração mais insegura. No passado, os pais criavam os filhos para se acertarem profissionalmente e serem independentes”, diz a psicóloga. “Houve uma mudança e os pais passaram a ser cobrados para proteger ao máximo e dar tudo que os filhos precisam”.

Por outro lado, Margareth afirma que se os filhos demoram mais para serem independentes é porque a convivência, atualmente, é mais fácil do que antes. “Hoje, os jovens podem ter a vida deles. Podem ter muita coisa que no passado só poderiam viver depois que saíssem de casa. É mais simples ter liberdade”, compara. Ainda assim, ela apoia a decisão de se desabrigar das asas familiares.

fonte:Ig delas

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